Frei Juvenal |
Preparativos para festa de logo mais. |
Amigos começam a chegar de várias regiões para prestigiar a festa. |
Como, assim?
Seu aniversário foi uma festa do povo, no meio do povo e partilhada com o povo. O povo simples daquele agreste pernambucano, onde Juvenal é apenas o irmão a animar as pessoas na fé; a se fazer presente entre aquela gente que busca a libertação prometida por um tal salvador que ainda perambula pelas mentes e corações de cada um; a repartir o pão que alimenta o corpo e o espírito, traduzido em vida. Frei Juvenal nada mais é, ali, naquele sítio, de nome Cruz, do que um fomentador da vida.
As mais de mil pessoas que, das três da tarde às nove da noite, compuseram com Frei Juvenal a sua festa natalícia não deixaram lacuna alguma nesse tempo todo, pois a missa concelebrada por seis padres foi literalmente estendida pela expressão do “como é bom estarmos juntos”. Sinceramente, a missa foi viva, como deve ser. O corre-corre das muitas crianças soltas entre os adultos, a espontaneidade da mãezinha ao abrir a blusa e dar de mamar ao filho faminto e sonolento ali mesmo no meio de todos, a vinda da velhinha que, de cadeira de rodas , trouxe o mais belo dos presentes ao aniversariante – seu sorriso, velho tradutor do que foram anos de inserção na luta contra a opressão dos poderosos -, a presença de jovens, muitos jovens, filhos da terra, de jeans apertadinhos e tênis de marca, mesmo falsificada, iguais aos dos jovens burgueses da cidade grande, cantando os cânticos escolhidos a dedo para a ocasião, tudo isso numa simbiose de louvação a Deus por aquele dia.
Grupo de ex-alunos de Ipuarana com Frei Juvenal |
E mais: a simbiose também ocorreu devido à presença maciça das comunidades ao entorno do Sítio Cruz, das autoridades municipais da pequena Paranatama, hoje brotadas do seio do povo e com ele comprometidas por força da presença de Frei Juvenal e de outros franciscanos nesse rincão, e da diocese de Garanhuns que sempre apoiou o trabalho ali desenvolvido; a membros da família Bonfim que disseram ao aniversariante da alegria de estarem com ele em espírito, mesmo separados de corpo, a cada dia; à Província de Santo Antônio, da qual Frei Juvenal faz parte, que mandou, no momento em que todos estão envolvidos com os festejos do Padroeiro, em todos os cantos, o Vice-Provincial, o Mestre dos Noviços e dois deles e um clérigo de Olinda para engrossar o coro do “Deo gratias”; e aos de Ipuarana de anteontem e ontem, contemporâneos de estudos ou de magistério, e os alunos ou tutelados pelo Prefeito dos Médios, em número acima de duas dezenas.
O dia iluminado por um sol brilhante, sem desejo de esquentar a temperatura da tarde amena, cedeu lugar à lua que, belamente, enluarou as verdes pastagens. Deu-se conta, então, de que aquele dia, por desígnios, incompreensíveis aos olhos humanos, do Deus-Pai, era o dia do Deus-Espírito Santo, o pentecostes dos cristãos, gratificando Frei Juvenal, por ser mensageiro e testemunho da palavra do Deus-Filho.
Que dia aquele! Um dia de graças.
Texto: Berbary
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