Prezados amigos e amigas
Quem lhes
escreve é Juvenal, aquele temerário, que acreditava em liberdade sem medo nos
tempos de educador. Por sorte esta loucura me tangeu pra longe de Ipuarana. Digo sorte, porque encontrei o rumo que me fez mais feliz, a pastoral
do povo humilde, rural, convivendo com eles e quanto possível como eles. Mas
não estou a fim de voltar uma página de minha história. O que quero dizer é da
15ª Festa da Colheita ocorrida no dia 23 deste.
As
lideranças da igreja vinham já se mobilizando. Na semana da festa chegou Frei
Fernandes com seus cinco noviços, vinham ganhar uma noção teórica e prática
sobre CEBs. Dei a fundamentação bíblica
e teológica, passei a concretização com meu testemunho e de dois leigos
animadores de CEBs que vieram expor sua experiência. Na sexta feira chegaram
dois junioristas franciscanos habilíssimos em ornamentação para criar o visual.
O inverno, muito prolongado desse ano despiu os jatobás de sua folhagem, que só
agora se revestia. Grandes carradas de folhas do chão, as crianças carregaram
balaios de frutos.
A lição mais
impressionante do que é CEBs veio no dia da festa, lição na qual eles, eles
noviços participaram como atores na preparação e no dia. O bosque de jatobás
amanheceu como noiva à espera do noivo, o palco belíssimo, (verão nas fotos que
vamos colocar em nosso blog). Mas o céu estava encoberto, mandando uma chuvinha
que às vezes engrossava mas não
intimidava. O povo ia chegando a pé, nos ônibus, nos automóveis, motos,
trazendo as ofertas e seu guarda-chuva. Na Missa, como muitos já sabem, fiz o
possível para fazer o povo entrar em comunhão com Deus e exercer o mais
possível sua dimensão sacerdotal do batismo. O poderoso som de Djair enchia o
bosque e os cantos das CEBs acendia alegria no povo acrescida também, vez em
quando, pelo espocar dos foguetes. Ao
ser anunciado os 15 anos da Festa dois noviços trouxeram ao palco uma grande
caixa de presente de onde saiu Tainá, a debutante, simbolizado a data.
Roberto
Malvezzi, grande tocador, cantor e poeta, perito em ecologia fez uma introdução
à Missa, rastreando textos bíblicos sobre o tema. Expostas diante do altar
durante a Missa 500 sacolinhas de feijão foram abençoadas e distribuídas de
lembrança. No fim houve o momento da festa das bandeirinhas da paz, cerca de
mil erguidas e cadenciadas ao canto: Deus nos abençoe e nos dê a paz. A bênção
de São Francisco foi cantada pelos frades presentes na beira do palco. Este
momento foi concluído com a bênção dos alimentos cantada também pelos frades.
Depois o povo se juntou por família ou afinidade, estendeu lençóis no chão,
procurou sombras e foi repartir o de comer. Momento lindo de partilha. Os
frades que passavam pelos grupos buscando a cozinha, eram insistentemente
convidados a participar e vários cederam.
A parte da
tarde foi dedicada ao “show” de Malvezzi que mostrou toda a beleza de sua voz e
a força poética e profética de sua mensagem, em 23 canções, boa parte de sua
autoria. Rubens e seu grupo de vocalistas e Josenildo com seu violão ajudaram.
No fim de
tudo se fez o sorteio da rifa, a essa altura, ônibus já buzinavam e partiam
carregando a gente das comunidades, felizes e confirmada em sua vocação de
igreja-povo.
Segui-se o
desmonte da festa, onde se mostrou de novo a organização da comunidade que, no
parecer de Malvezzi, revela uma caminhada.
Ao cair da
noite tudo estava limpo e os organizadores da festa, exaustos sorriam com o bom
sucesso do evento. Viva a décima quanta Festa da Colheita!
Frei Juvenal
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