(...)
Colocam no seu ombro um grande peso, a cruz. Na cruz o peso de todos os pecados do mundo. O orgulho de Adão, o crime de Caim, a traição de Judas, a negação de Pedro. O monturo de todas as mentiras, todos os assassinatos, todas as falsidades dos homens e mulheres que se ajuntaram desde o começo do mundo e que vão crescer até o dia do juízo.
Nossos pecados também? Todos os nossos pecados ainda que tivéssemos batido uma só pessoa, sobre ele cai nossa violência. Ainda que tivéssemos enganado uma só vez. Sobre ele pesa nossa traição. Ainda que tivéssemos odiado um só vez. Ele sofre o nosso ódio. Somos nós que lhe pesamos na cruz.
(...) Como boi debaixo do ferrão. Suando e ofegando. Silenciando até cair.
Assim no passado, a cruz pesou nos ombros de Jesus. Hoje pesa nos ombros dos excluídos. São pobres, doentes, idosos, fazem medo, sujam a cidade. Nossas atitudes têm ajudado esses irmãos a ganhar valor? Ou nós os despojamos do pouco que lhe resta?
(...)
Este é apenas um trecho do belíssimo texto da Via Sacra encenado hoje pela manhã na Comunidade de Nossa Senhora de Guadalupe, no Sítio Cruz-Garanhuns. A poesia acrescida ao texto original da Paixão de Jesus é obra de Frei Juvenal, de saudosa memória, que em toda sua vida nos convidou a todo o tempo olhar a vida do povo pelo qual Jesus doou seu sangue.
Há três anos crianças e adolescentes dedicam um pouco do seu tempo na preparação deste momento. Texto, som, figurino e muita emoção ajudam a comunidade a meditar o sofrimento de Jesus; relacionando com o sofrimento daqueles que hoje são os crucificados pela negligência ou omissão de muitos. Às 6 da manhã a comunidade se reunia na Capela para rezar, e em silencio, os atores tomavam seus lugares no bosque dos Jatobás. O clima de oração conduziu toda a encenação, nos contagiando com a emoção que transbordava dos olhos de Aninha (Maria), ou com a dor sofrida por Vinicius (Jesus).
Na capela a celebração continuou com a Adoração da Cruz, ao final e em silêncio as pessoas da comunidade seguiram para as suas casas vivenciar esta Sexta-feira Santa com seus familiares. Alguns destes jovens ficaram um pouco mais para preparar a celebração da Vigília Pascal, pois são estes que transmitem a Paixão e Morte também transmitem diariamente a alegria da Ressurreição do Senhor, alegria que alimenta a fé e a vida desta comunidade.
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