POLÍTICAS PUBLICAS PARA E PELAS MULHERES
Final de maio próximo passado, 45 companheiras de várias comunidades eclesiais de base da Diocese de Garanhuns se reuniram com o intuito de discutirem Políticas Públicas para mulheres, lá no Recanto Franciscano, oficialmente conhecido como Casa de Formação Nossa Senhora de Guadalupe, localizado no Sítio Cruz – Município sede desse bispado.
O encontro promovido pela equipe diocesana de CEBS de Garanhuns, integra um conjunto de iniciativas que objetivam – através da ligação da FÉ com a VIDA, elemento identificador das atividades de toda comunidade eclesial de base –, fortalecer a discussão sobre igualdade entre homens e mulheres e encontrar meios de combate às formas de preconceito e discriminação herdadas de uma sociedade patriarcal e excludente, que ainda violenta a alma feminina todos os dias, negando-lhe direitos inerentes às suas especificidades.
Inconformadas com essa prática que atravessa os séculos, nós mulheres das CEBS, durante o referido encontro, abrimos rodas de conversas a respeito de políticas públicas destinadas a responderem os problemas que, como grupo social específico, enfrentamos diariamente em nossas comunidades, cientes de que, um Brasil mais justo, igualitário e democrático, que preocupe-se com a valorização da mulher e sua inclusão no processo de desenvolvimento social, econômico, político e cultural do País, depende também do processo de tomada de consciência crítica de todas nós, as vítimas da ausência e/ou ineficiência de tais políticas.
Registro que nessa empreitada, não estávamos sós. Pensando e interagindo conosco estava a Drª Valquíria, psicóloga integrante da Secretaria da Mulher do Município de Garanhuns, que muito colaborou para entendermos a temática de “equidade de gênero” a partir de nossas próprias concepções sobre o assunto. Assim, com o olhar conscientemente voltado para nosso agir cotidiano, muitas de nós, tiveram sua visão sobre a temática ampliada e puderam perceber dentre outras coisas, que:
- Quando uma mãe educa uma menina de maneira diferente da que educaria um menino, fazendo com que a filha ache natural lavar a louça do jantar enquanto o irmão joga vídeo game na sala, está reproduzindo o modelo de educação familiar machista.
- Quando pensamos que uma mulher não tem o direito de não querer se casar e ter filhos, ou julgamos uma outra mulher pela quantidade de parceiros que teve, ou pelas roupas que veste, estamos disseminando as ideias machistas, responsáveis por atribuir rótulos desprezíveis às mulheres.
Quando uma mulher acha inaceitável que seu marido/companheiro ganhe menos do que ela, ou que pensa que homem sensível é fraco ou pouco másculo, perpetua um juízo de valor absurdamente machista, que alimenta as práticas discriminatórias que apequenam as pessoas e a si mesmo.
- Quando questionamos a nossa liberdade ou quando ignoramos os nossos anseios ou perspectivas com medo do que podem pensar de nós – como mulheres – , estamos aceitando a canga da opressão, cedendo à pressão das posturas machistas que condenamos e, contribuindo, ainda que involuntariamente, com a manutenção do mal social que tanto queremos erradicar da sociedade.
Pois bem. Como se pode ver, foi um tempo produtivo, esse que tiramos para falarmos sobre “coisas de mulherzinha”. Tão bom, que prometemos a nós mesmas, revisitar o tema outras vezes, reproduzir nossa conversa e ideias no meio social que estamos inseridas, e, ficarmos atentas para não repetirmos, irrefletidamente, costumes machistas e acabarmos por engrossar as fileiras dos que ainda não compreenderam que podemos e devemos viver em um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e essencialmente fraternos.
Por Gláucia Terra
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