Em tempo de colapso no planeta Terra, o ser humano tem tombado a cada dia, pois ainda não se sabe como enfrentar essa guerra mundial contra a Covid-19 e cuidar de sua Casa Comum.
No pensamento cristão, homens e mulheres foram criados para assumir a função de zeladores/as de toda a criação. Foram convidados pelo próprio Deus, Senhor da Vida, a serem coparticipantes do seu projeto da criação. Para as mais diversas formas de crenças, vivemos em uma grande rede de comunicação, movidos pela fé e por energias, onde há um contínuo diálogo entre homens e mulheres, toda a natureza (animais, vegetais, minerais e seus quatro elementos: ar, terra, fogo e água) e o transcendente (ancestralidade).
Já
para os/as materialistas, somos uma comunidade ou sociedade composta por
pessoas, considerando a pluridiversidade cultural, e temos de extrair da terra
tudo que for necessário para a sobrevivência humana, de forma democrática, com
equidade social, ecologicamente justa, economicamente sustentável. Alguns
outros pensam apenas em acumular riquezas, explorando e escravizando pessoas,
degradando a natureza, destruindo tudo em nome do progresso e do
desenvolvimento, alimentado pelo capitalismo selvagem, que a cada momento da
história apresenta características diferentes, mas sempre perversas e cruéis.
Nos dias atuais, é chamado de neoliberalismo ou capitalismo contemporâneo,
tendo como oposição correntes socialistas/comunistas e o anarquismo. Tudo isso,
quase sempre, sem levar em consideração a nossa Casa Comum – a Mãe Terra.
Essa pandemia surge de forma aterrorizante, tirando a vida de milhares de pessoas mundo afora. Como parar a Covid-19? O distanciame
nto social? O cuidado com a
higiene? O cuidar um do outro, agora a distância?
Vale
salientar que há um bom tempo muitos/as ativistas/militantes (religiosos/ as ou
não), vêm chamando atenção para cuidarmos do planeta terra, humanizarmos as
relações, combatermos as desigualdades sociais e econômicas. Como alternativa
para garantir o bem viver entre os humanos e a natureza, apontam para a
agroecologia, a segurança alimentar, a economia solidária e a democratização do
acesso ao conhecimento, às terras e às águas.
Diante
de tudo o que vem acontecendo com as pessoas e com o planeta Terra, o
capitalismo se reinventa, sempre a priorizar a acumulação de riquezas
desenfreada, desumana e degradante, deixando à mercê a vida. O povo vive na
miséria, e a Mãe Terra pede socorro.
Apesar
de todos os males, percebe-se que o planeta respirou. Vinha agonizando, estava
a ponto de explodir, não aguentava tanta degradação. A Covid-19 fez o mundo
parar e ironicamente dá uma sobrevida à nossa Casa Comum. A nossa Mãe Terra,
chorando as dores do parto e da morte, contraditoriamente agradece a um vírus,
que mata aquele/as que deviam cuidar de toda a criação e do planeta Terra, pois
a Covid-19 fez tudo parar. Com o mundo paralisado, a Mãe Terra aproveita para
se revigorar, pois diminuiu a poluição, a degradação socioambiental, e o
desmatamento.
Toda a
criação vem sendo destruída pela ganância do capitalismo selvagem, pelo
neoliberalismo, pelo capitalismo contemporâneo globalizante, como queiram
chamar. O progresso que destrói a Mãe Terra e gera a desigualdade social,
coloca em risco o Projeto do Senhor Deus da Vida para os Cristãos e vem
destruindo o planeta Terra para os demais credos e para os materialistas.
Só
essa guerra mundial, na qual o nosso inimigo é o invisível – a Covid-19 ‒, é
que poderá fazer o ser humano se reinventar enquanto zeladores da criação. De
fato, a humanidade só vencerá essa guerra se mudar seus hábitos, procurando
humanizar as relações sociais, econômicas e ambientais, bem como priorizar o
combate à desigualdade social, a democratização do acesso à terra, às águas e
ao saber. Precisa-se, de fato, cuidar da nossa Casa Comum – a Mãe Terra. Nessa
perspectiva seguem algumas frentes de luta para serem desenvolvidas pelo
envolvimento de homens e mulheres na efetivação: da segurança alimentar; de
ações que valorizem a economia solidária, economicamente justa e ecologicamente
sustentável; de políticas públicas de educação contextualizada e de saúde
sanitária no campo e na cidade; da agroecologia; da Reforma Agrária Popular,
entre outras.
Tudo
isso só se efetivará quando a coletividade perceber que somos uma só família,
que é muito bela por ser composta por uma diversidade de rostos presente na
pluridiversidade: religiosa, cultural, política, ambiental e étnica; de
orientação sexual e de gênero; geracional; classista.... Um só povo, do campo e
da cidade, vivendo com dignidade, vencerá a Covid19 e cuidará da nossa Casa
Comum – a Mãe Terra. “Por uma Terra sem Males”.
José Raildo Vicente Ferreira (Raildo Ferreira)
Coordenação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Arquidiocese de Maceió
Nenhum comentário:
Postar um comentário