quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Pe. Gabriel Hofstede: Presente na Caminhada!


 
Pe. Gabriel, participando do Grito dos Excluídos 2015
Padre Gabriel Hofstede nasceu em abril de 1933 na Holanda. Entrou na ordem dos Redentoristas ainda adolescente e em 1955 foi enviado para o Brasil ainda como jovem seminarista. Após sua ordenação sacerdotal em 1959, retornou para Europa e, ainda como jovem sacerdote, estudou teologia moral em Roma o que lhe deu a oportunidade de acompanhar de perto o Concílio Vaticano II. Com o coração vibrando pelos caminhos indicados pela Igreja no Concílio, volta para o Brasil em 1965 onde permaneceu como missionário por toda a sua vida. Foi professor no ITER-Instituto Teológico do Recife, espaço de formação sacerdotal criado por D. Hélder Câmara, que promoveu uma prática pastoral comprometida com as transformações propostas pelo Concílio Vaticano II. Companheiro e amigo de Padre Humberto Plummen, seu superior provincial, e de D. Hélder Câmera; foi protagonista de uma ação pastoral libertadora, voltada para a promoção da dignidade da pessoa humana e defesa dos direitos e liberdades individuais ainda na sombria época da ditadura militar.
            Padre Gabriel dedicou a maior parte de sua vida ao povo brasileiro especialmente o povo do nordeste a quem ele chamou de sua família, que, como a família biológica e a religiosa, lhe ofereceu “... tudo que possa tornar alguém feliz [...] este bom povo brasileiro, especialmente os nordestinos, que com seu espírito acolhedor, me abraçaram de coração, o que faz com que hoje eu me veja e seja como um deles” (Pe. Gabriel em seu livro “Histórias que eu conto aos 80”).
No ano de 2000 foi enviado para Garanhuns, como pároco da paróquia do Perpétuo Socorro. Paróquia de um público bastante diversificado, pois engloba bairros da elite local e bairros periféricos de grande vulnerabilidade social. No coração de Padre Gabriel, tinha lugar para todos, porém sua dedicação e preferência pelos empobrecidos eram visíveis.
Em Garanhuns, entre outras tantas ações sociais, lutou pelo direito à moradia de muitas famílias e, junto com sua congregação, mantinha uma vila, a “Vila do jubileu”, que disponibilizava casas para abrigar famílias enquanto essas lutavam pela reinserção no mundo do trabalho.  Assim, padre Gabriel, associava os serviços de caridade ao enfrentamento das injustiças sociais.
A fim de promover a participação dos cristãos leigos na política, impulsionou e deu condições para que se criasse em Garanhuns uma Escola Fé e Política local.  Em 2009, ajudou a cinco jovens da paróquia de N. Sra. do Perpétuo Socorro a fazerem a Escola Fé e Política Pe. Humberto Plummen do Regional Ne2. No ano de 2010 apenas duas dos cinco jovens decidiram fazer a segunda etapa dessa formação: Lianna Veras e Andreza Rachel. Em 2011 a Escola Fé e Política Regional lançou a proposta de que as dioceses assumissem a primeira etapa da formação e a regional ficaria com a segunda etapa. Em 2012, Pe. Gabriel vendo a participação e engajamento dessas duas jovens com o apoio de Rubens Pita, educador atuante já na escola regional, decidiu embarcar nesse projeto. Assim, deu-se início em agosto de 2012 a primeira turma da Escola Fé e Política local que traz seu nome como um dos patronos: Escola Fé e Política Irmãos Juvenal Bomfim e Gabriel Hofstede.
          A presença de padre Gabriel em nosso meio foi uma suave manifestação do Reino de Deus com todo seu poder transformador. Na vida de padre Gabriel “A Palavra se fez carne”. Ternura de pai/mãe, olhar acolhedor, vigor de profeta, que nunca se omitiu ou se calou em nome de um “falso consenso”. Não tinha vergonha de manifestar suas opções políticas também partidárias. Falava da alegria de ter visto nosso país sair do mapa da fome e vibrava ao lembrar cada política pública conquistada nos anos anteriores. Seus olhos brilhavam ao ver jovens da periferia e do espaço rural nas universidades.
 No último Café Político em 2018 realizado pela escola Fé e Politica local, onde se reuniram eleitores e candidatos à Assembleia Legislativa; Pe.Gabriel  falou algo que sempre repetia em nossos encontros: “Desde criança eu ouvia uma frase na Holanda que o Brasil era o país de todas as possibilidades”. Disse que ao chegar aqui constatou que isso era verdade e não se conformava com a extrema pobreza na qual viviam vários brasileiros. Padre Gabriel tinha um sonho: que cada brasileiro tivesse acesso a “todas as possiblidades” que esse país oferece. 
Em dia 01 de agosto de 2019, Pe. Gabriel fez sua Páscoa, cumpriu sua missão e nos deixou a certeza de que sonhos não morrem. Padre Gabriel não morre. Renasce em cada um que luta para concretizar esse sonho. Nossa eterna gratidão a Deus por ter dado à humanidade esse grande homem.
Padre Gabriel, Presente!


Ângela Ramalho

Pela equipe de Coordenação da Escola Fé e Política Irs.Juvenal Bomfim e Gabriel Hofstede:




Encontro da Comissão Ampliada de CEBS - 03 e 04/08/2019


 Neste primeiro fim de semana de agosto, a casa de formação Nossa Senhora de Guadalupe mais uma vez acolheu líderes comunitários integrantes da comissão ampliada de CEBs da Diocese de Garanhuns/PE. Eram lideranças de 8 comunidades.
O encontro foi o segundo agendado para este grupo neste ano e tem o objetivo de alargar a instância deliberativa da Coordenação Diocesana de CEBs, possibilitando que um maior número de pessoas possa opinar e participar efetivamente da discussão e tomada de decisões importantes para o encaminhamento das tarefas relativas às atividades planejadas para acontecerem no decorrer de 2019 no campo em que nos cabe atuar.
Desta feita, o grupo debruçou-se sobre a seguinte pauta:
ü  Grito dos excluídos – informes relativos à data e atividades preparatórias para o engajamento das comunidades nas atividades que motivam e fundamentam a realização do evento.
ü  23ª Festa da Colheita – deliberações referentes à articulação, organização, levantamento de recursos financeiros e participação efetiva das comunidades antes e durante a concretização deste festejo.
ü  Intervenção Comunitária – ponderações sobre o problema do alcoolismo que se alastra nas comunidades e contribui fortemente para o afastamento dos indivíduos das atividades comunitárias e aumento da violência doméstica.
A inclusão deste último item da pauta se deu em face do desejo incontido de  promover mais um espaço de debate dessa problemática social que há tempos reclama a intervenção mais direta da comunidade eclesial, posto ser o alcoolismo uma doença que afeta a todos que aspiram restaurar o rosto de cristo (dignindade humana) indelevelmente refletido nas feições dos sofredores.
 Tal iniciativa, por sua vez, visa atender ao apelo contido no Documento nº 100 da CNBB, que nos impele a expandir nossa ação pastoral para além do altar e  deixar de nos ocupar apenas com as atividades internas da Eclésia,   para sermos uma igreja em saída que dialogue com o mundo.
Nesse sentido caminhamos e definimos estratégias para ampliação da discussão e enfrentamento desse problema em parceria com entidades, grupos, organizações que demonstram a mesma preocupação e agem evangelicamente, acolhendo, orientando e cuidando daqueles que são diretamente atingidos por tão grande malefício.
Terminamos o encontro, relativamente satisfeitos com as deliberações e esforços que temos feito para “sair da sacristia” (como dizia Frei Juvenal) e ir ao encontro dos sofredores e necessitados, como fez o mestre Jesus.  Que nessa empreitada, não nos falte a coragem e a fé... Assim seja!

Por Gláucia Terra.